Em defesa da pornografia

Na história da humanidade sempre encontramos representações sexuais, e até mesmo eróticas, as quais promovem o desejo e a sensualidade. Mas a pornografia como “categoria legal e artística” é um fenômeno característico do Ocidente, manifestando-se em certos lugares da Europa num tempo determinado. Tal como hoje se nos apresenta, a pornografia apenas se consolidou entre finais do século XVIII e começos do século XIX. Não obstante, esta consumação da pornografia como prática literária e visual, posterior à Revolução Francesa, tem uma história que a antecede.

Está história, que se confunde com a história da modernidade ocidental, atravessa o Renascimento, a revolução científica do século XVII, o Iluminismo e a Revolução Francesa. Ela é determinada por um elemento fundamental, i.e., o avanço técnico que permite, a partir do Renascimento, não apenas a impressão de textos e imagens, senão também a obtenção destes últimos pelas grandes massas. É também importante ressaltar que “os autores e gravadores pornográficos surgiram entre os hereges, livres-pensadores e libertinos de reputação duvidosa, que ocupam uma posição inferior entre os promotores do progresso de Ocidente”.


São estes autores marginais os que, desde a Renascença até a Revolução Francesa, começam a esboçar o que logo se viria a conhecer como pornografia. Estes primeiros criadores não tinham por único interesse gerar prazer através de imagens e textos obscenos; a obscenidade das imagens e dos textos que eles criam tem por função criticar o Estado, a Igreja e o poder real que os domina. Mais ainda, são  libertinos, filósofos materialistas e homens que participarão ativamente na Revolução Francesa. O exemplo mais destacado destes criadores encontramo-lo na figura do Marquês de Sade (1740-1814), que para além de um brilhante escritor “pornográfico” foi também um libertino
voluptuoso, filósofo materialista, anti-clerical e um anti-monárquico que apóia e participa ativamente da Revolução Francesa, assumindo cargos no Governo revolucionário.

O Marquês de Sade produz a sua obra antes e depois da Revolução Francesa, num período em que se dá a passagem de uma “pornografia” clandestina, libertina, filosófica e política para uma pornografia comercial. Esta passagem de uma “pornografia” de barricada para uma pornografia de mercado não está presente na sua obra, a qual continua fiel às posições, libertinas, filosóficas e políticas do Marquês. Já o escritor francês Andréa de Nerciat (1739-1800), por sua vez, é um dos autores que marcam a passagem duma “pornografia” clandestina e política para uma pornografia comercial que tem como objetivo, para a sua venda, produzir prazer sexual com escritos ou imagens.


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