Adeus ao além?
O objetivo deste trabalho é situar as precárias conseqüências “lógicas” extraídas da leitura da aula VII (2008-2009) do curso inédito de Jacques-Alain Miller Coisas de fineza em psicanálise. Uma expressão pronunciada nessa aula chama a nossa atenção: “uma homeostase de nível superior”. A expressão sugere que nos aventuremos em compreender como semblante o além do principio do prazer, a pulsão de morte. Mas, por ser semblante, por ser aquilo que faz crer que há algo onde não há nada, e só por isso, a concepção de fim de análise do ultíssimo ensino de Lacan, como homeostase de nível superior, não é hegeliana.
Como esclarece Jacques-Alain Miller, o termo gozo, no percurso do ensino de Lacan, assume diferentes perspectivas. Nos primeiros quatro Seminários, o gozo é apresentado como imaginário, especular, narcísico. Ou seja, o desejo se cativa pelos objetos que vêm no lugar da própria imagem.
Já no Lacan clássico, aquele dos Seminários livro V e VI, a libido, o gozo, é simbólico, é o próprio desejo como efeito da cadeia significante. O desejo, por ser metonímico, por ser desejo de outra coisa, não deseja os objetos que a fantasia lhe propõe, estes são um simples véu, porque o desejo deseja desejo. Por ser desejo de desejo, por desejar a própria falta, o desejo movimenta o sujeito libidinizando e castrando, numa metonímia infinita, os objetos que se coordenam com a sua fantasia.
No Seminário, livro VII, o gozo é apresentado como real. É a Coisa, o das Ding de Freud lido na perspectiva aberta pelo texto de Heidegger A pergunta pela Coisa. Nesta miragem, o gozo tem seu lugar por fora do registro simbólico-imaginário (a casa dos porcos) e só acedemos a ele (a casa do gozo) por um atravessamento heróico que siga na trilha de Antígona e Sade. Nesta terceira perspectiva, o gozo adquire a sua especificidade, o seu conceito4, por isto, separa-se da insatisfação do desejo e encontra o lugar freudiano da pulsão de morte, opondo-se à homeostase, ao principio do prazer, como além do principio do prazer.
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