Se nos orientamos na lógica da cura, podemos dizer que a entrada em análise se dá pelo sintoma, a “saída” pelo atravessamento da fantasia fundamental, e que, paradoxalmente, há um além do atravessamento da fantasia, que implica, como nos ensina Miller, “a confrontação do analista com o Sinthoma” (confrontação não é desejo do analista). Portanto, no além do atravessamento da fantasia, há um além do discurso analítico. Um além daquilo que sustenta o discurso analítico, ou seja, o desejo do analista. O que implica um além do estatuto ético do inconsciente e, com isto, um além do sujeito como descontinuidade na cadeia de determinações. Isso quer dizer não só um além do sujeito como questão, mas também da suposição de resposta que o sujeito como questão abre. Em outros termos, um além do Sujeito Suposto Saber. Resumindo: um além dos efeitos de verdade mentirosa que o trabalho do analisante, em transferência, produz. Tudo isto implica, como consequência, um além da clínica psicanalítica, à medida que esta é definida, por Freud, por Lacan e acentuada por J.-A. Miller, nos começos dos anos 80, como uma clínica sob transferência.
Na proposição do passe Lacan, nos dirá que “no início está a transferência” e no fim a destituição do Sujeito Suposto Saber como consequência logica do atravessamento da fantasia fundamental. Como definir esta “clínica” que se abre após a travessia da fantasia, que está fora das coordenadas que abriam e fechavam o jogo analítico? Como definir esta “clínica” que se apresenta, se nos guiamos por nossas coordenadas, como “pós-analítica”? Talvez estas afirmações permitam dar um marco àquilo que Lacan chamava de um discurso que não fosse semblante, e que Miller, em seus últimos cursos, tenta trazer para a luz, nesses confins não concluídos do ensino de Lacan, abrindo, assim, as portas do Millerismo.
Retomemos nosso argumento para questioná-lo, não todo, mas no seu osso, a sequência logica implicada nele. Parte do sintoma até chegar à travessia da fantasia. Travessia que abre as portas do que chamamos clinica “pós-analítica”. Neste argumento o sintoma é apresentado como uma formação do inconsciente que, como tal, é “um acontecimento de sentido” (Miller), acontecimento este que deve ser interpretado a partir da fantasia fundamental. Analisando o Sintoma, atravessada a fantasia fundamental, abrem-se as portas do Sinthoma, como acontecimento corporal, abrindo assim a ”clínica” do real, a “clínica pós-analítica”.
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